e esse medo me assola toda manhã
me atormenta dia após dia, já vão fazer 3 anos
os meus pensamentos estão afogados em álcool em plena segunda-feira
e os cacos jazidos no chão não são da garrafa da cachaça
sou eu mesma, atirada na calçada
exausta de tanta pancada caprichosa que ontem eu revidei
e ainda não sinto que compensou toda a dor que isso tudo me gerou
o término sucinto
o salso suor
toda hora eu pensava "acabou. finalmente, acabou"
na verdade, nunca teve um começo sequer
todos eles me olham, e anseiam pela minha queda
e por mais que meu corpo se encontre agora ébrio
eu vou me levantar, e esses cacos que eu sou,
quem eu sou
(sim, tenho certeza)
se tornará cada vez menos cristalino
menos incontestável, incompleto, mas ainda assim absoluto
e eu vou me reerguer e impedir que eu perca mais ainda meu próprio domínio
já perdi meus desejos, agora só resta a razão
minha memória está cheia de rasuras
eu pretendo caminhar mais um pouco, olhar essas fotos antigas, e preencher esse vão entre as estruturas
meu presente que faz meu passado? talvez, mas isso me dá medo
e esse medo me assola toda manhã
me atormenta dia após dia, já vão fazer 3 anos
os meus pensamentos estão afogados em álcool em plena segunda-feira
e os cacos jazidos no chão não são da garrafa da cachaça
as calçadas... sempre tão irregulares que a todo momento ando com receio pensando que vou acabar tropeçando mais uma vez

Quem eu era anos atrás
Não pode me definir
E pouco me importa hoje em dia
Pois sobrevivi